quinta-feira, 23 de julho de 2009

Salvação Vertical

O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador; o meu Deus, a minha fortaleza, em quem confio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio.
(Salmos 18: 2).

Com a palavra – os matemáticos. Por certo Davi não era nenhum matemático. E sim um rei, um guerreiro, um sacerdote. Sobretudo tínhamos em Davi a figura de um servo que sabia confiar no seu Senhor. Nesse prisma, vemos que Davi não confiava na força do seu braço ele chega a dizer que o Senhor ensina as suas mãos para a guerra, de sorte que os seus braços quebraram um arco de cobre. (Salmos 18: 34). Ele estava rodeado de bons soldados, não obstante a salvação não seria produzida pela quantidade de soldados disponível, viria do Senhor, viria de forma vertical.

A salvação é o foco principal das Sagradas Escrituras desde a criação do homem do Gênesis até a consumação dos tempos em Apocalipse, tudo gira em torno da redenção do homem. Em Gênesis nasce com Abraão o plano da salvação da humanidade ( Gn 12.1-3).
O Senhor Jesus Cristo, pela sua morte expiatória, comprou a salvação para os homens. Deus a aplica de forma vertical é ela recebida pelos homens para que se torne uma realidade experimental. As verdades relacionadas com a aplicação da salvação podem ser vista através dos aspectos de Justificação, Regeneração e Santificação.

JUSTIFICAÇÃO é absolvição divina, afinal, justificação é um termo forense que nos faz lembrar um tribunal.
Na salvação – e ela é vertical, o Senhor começa pelo processo de justificação, ou seja, absolvendo, pronunciando sentença não condenatória, mas de aceitação. Daí aquele que antes se achava na condição de condenado passa à condição de justo e isso pela fé. Se Ele o justificou é porque alguma injustiça havia e nesse caso a justificação é um dom (Rm 3.24) justificação inclui mais do que perdão dos pecados e remoção da condenação, pois no ato da justificação Deus coloca o ofensor na posição de justo.

Qual será essa justiça de que tanto necessita o homem? É parte do caráter de Deus sendo induzido no homem isentando-o de toda imperfeição ou injustiça.
Judeus tentaram ser declarados justos pela prática de rituais da lei, porém sem sucesso. A salvação não podia proceder dos próprios méritos, a salvação teria que proceder de Deus, por sua intervenção.
Essa justificação é uma graça derramada uma vez que todos nós estávamos encerrados debaixo do pecado (Rm 3.12-25).
Salvação é a justiça de Deus imputada de forma vertical ao pecador; não é a justiça imperfeita e horizontal do homem.

A única esperança do homem é adquirir a justiça que Deus aceita, a justiça que produzirá a salvação vertical de Deus. E isso só será feito por meio da fé, pois o homem é incapaz de operar a justiça. (Hífens 2:8-10)
Se a salvação não fosse uma operação vertical o homem incorreria em dois perigos: primeiro, o orgulho de auto-justiça e de auto-esforço; segundo, o medo e possibilidade de se achar fraca demais para conseguir a salvação. Daí entra em cena o próximo aspecto, o aspecto regenerativo.

REGENERAÇÃO
O segundo passo na salvação vertical é o processo de nascimento no qual o pecador agora justificado, passa à condição de regenerado e isso pelo novo nascimento (1 João 5:1). Aquele que criou o homem no princípio e soprou em suas narinas o fôlego de vida, o recria pela operação do seu Espírito Santo. (2 Cor. 5:17-18; Efés. 2:10; Gál. 6:15; Efés. 4:24; vide Gên. 2:7.) O resultado prático é uma transformação vertical radical da pessoa em sua natureza, seu caráter, desejos e propósitos.

Quer queira quer não queira o homem tem necessidade dessa regeneração. Foi o que o próprio salvador disse a Nicodemos (João 3). Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus – advertiu-lhe Jesus. Muitos até crêem que a salvação é vertical, porém não se permitem passar pelo novo nascimento. O homem não pode regenerar-se essa transformação terá que vir de cima.
O destino mais elevado do homem é viver com Deus para sempre; mas a natureza humana, em seu estado presente, não possui a capacidade para viver no reino celestial. Portanto, será necessário que a vida celestial “desça de cima” para transformar a natureza humana, preparando-a para ser membro desse reino e projetando-o para o próximo aspecto.

SANTIFICAÇÃO
Uma vez justificado e regenerado é óbvio que aquele que recebeu a vertical salvação perceba que ela – a salvação vertical – requer certo cuidado, é o que nós chamamos de santificação. Não a prática de um, ascetismo cego e doentio, mas uma santificação que faz jus àquele que opera a Salvação (Lv 20.26).
Porque a salvação implica em santificação? Raciocine comigo – quem salva, salva de alguma coisa e para algum objetivo. A santificação é um agente mantenedor da salvação. “Mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pd. 1:15). Logo, a santificação é um estado sini qua nom.

A Lei fora impotência para salvar e santificar, não porque a lei não seja boa (Rm 7.12), a questão é que a lei aponta a vileza do pecado (Rm 7.12).
São Paulo, um dos homens mais santo do novo testamento chegou a dizer: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm 7.24). Deus é santo e esse atributo nos é comunicado na proporção que nos achegamos a Ele. Logo, santificação é também um atributo que nos é vertical.
Veja o que já dizia nosso irmão João Calvino, acerca da salvação:
“Quando Deus nos reconcilia consigo mesmo, por meio da justiça de Cristo, e nos considera justos por meio da livre remissão de nossos pecados, ele também habita em nós, pelo seu Espírito, e santifica-nos pelo seu poder, mortificando as concupiscências da nossa carne e formando o nosso coração em obediência à sua Palavra. Desse modo, nosso desejo principal vem a ser obedecer à sua vontade e promover a sua glória. Porém, ainda depois disso, permanece em nós bastante imperfeição para repelir o orgulho e constranger-nos à humildade.”
Assim sendo, um homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com Deus, adotado na família divina, e agora se dedica a servi-lo, em santidade vivendo a experiência da salvação, ou seu estado de graça que consiste em justificação, regeneração (e adoção), e santificação.

Para finalizar vamos degustar Rom. 8:35-39. “Quem nos separará do amor de Cristo”? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição ou a fome, ou a nudez, ou o perigo ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os Principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.

Escrito por Ananias Soares
Bacharel em Teologia